Veneno ou Remédio, o que mata é a dose…
Muitos proprietários de bicicletas motorizadas querem mais e mais desempenho de suas motorizadas…
Muitas vezes os proprietários recorrem a procedimentos que “ouviram falar” como retirar escape, filtro de ar, usar gasolina aditivada, rebaixar o cabeçote dentre outros absurdos. Como diz o título deste post Veneno ou Remédio, o que mata é a dose…
É fato que os motores de 2 tempos são os mais fáceis de mexer dada sua simplicidade mecânica e poucas peças se comparados aos de 4 tempos mas mesmo assim requerem experiência e conhecimento por parte de quem faz o serviço sob pena de terem a vida útil encurtada quando não deixarem de funcionar ou no pior dos casos travarem…
Nos motores de 2 tempos ocorrem os seguintes ciclos: Admissão, compressão, expansão e exaustão dos gases quentes a cada volta do eixo.
Bom então como melhorar o desempenho?
Começamos com a questão do equilíbrio entre a entrada de combustível e a saída dos gases quentes que é primordial para o funcionamento destes motores. Logo, não adianta você instalar um escape dimensionado e manter o carburador original pois o escape dimensionado permitirá que os gases quentes saiam mais rapidamente do motor, mas por outro lado o motor estará limitado pelo carburador original.
Ou instalar um carburador de maior vazão com filtro esportivo e manter o escape original pois neste caso o limitador será o escape…
Um carburador que apresenta bons resultados nos kits de motorização de 80cc (66cc reais) da Bicimoto são os da marca Wabron como o modelo PZ15 da foto abaixo
Mas somente instalando este carburador minha bicicleta motorizada teria mais desempenho? Velocidade final? Torque?
Voltamos ao ponto inicial… Instalando este carburador o motor receberá mais combustível e mais ar já que o mesmo é equipado com filtro esportivo de alta vazão e os gases quentes produzidos por esta quantidade maior de combustível conseguirão passar pelo escape original sem retenções que prejudiquem o desempenho? Não!
O primeiro passo para um veneno simples é a abertura das janelas de admissão e escape que pode ser feita com um retífica manual como a Dremel e um pequeno esmeril. O processo é simples e visa abrir um pouco (UM POUCO) a “boca” da janela de admissão e escape de forma que o combustível entre mais rapidamente na câmara e os gases quentes saiam mais rapidamente do motor.
Aqui uma janela de escape de um motor de 80cc 2 tempos já “trabalhada”.
Reparem como ela foi ligeiramente aberta em relação à original e que até a junta foi escareada. Desta forma permitimos que aja uma maior passagem dos gases quentes do motor para fora já que com a abertura da janela de admissão (o mesmo processo) existe maior entrada de combustível. Então foi mantido o equilíbrio.
Outra dica simples é esmerilhar cuidadosamente todos os resíduos de solda do escape de forma a também liberar a passagem dos gases. Prenda o escape em um torno ou morsa e com a retífica manual limpe os resíduos de solda.
Para finalizar aproveite que o escape está fora do motor e com uma broca de aço rápido faça 4 ou 5 furos ao redor do parafuso que fixa a ponta do escape (o barulho ficará maior) o que acelerará ainda mais a saída dos gases.
Caso esteja disposto a investir um pouco mais em sua bicicleta motorizada considere a instalação de um escape dimensionado.
Diversos sites americanos vendem este tipo de escapamento e enviam pelos Correios para o Brasil. Um dos sites é o www.sickbikeparts.com que também comercializa carburadores, filtros esportivos, velas de ignição e até mesmo kits de óxido nitroso Nos para bicicletas motorizadas.
Depois das alterações nas janelas de admissão, de escape e do próprio escape será necessário verificar a coloração da vela em intervalos menores de tempo pois ela será seu melhor indicador de a quantas as a mistura ar combustível. Normalmente este tipo de preparação requererá uma mistura mais rica o que pode ser alcançado abaixando-se a trava da agulha do carburador uma posição.
Esta é a agulha e a trava… Quanto mais para cima estiver a trava nos sulcos mais pobre a mistura, quanto mais para baixo mais rica a mistura…
E novamente vale repetir que o acompanhamento desta alteração deve ser feito pela coloração da vela de ignição. Se a mistura estiver correta e adequada para o seu “veneno” apresentará com marrom claro (café com leite). se estiver enegrecida e úmida é indicação clara de que a mistura está muito rica e deve ser empobrecida.
Em casos extremos que envolvem ferramental especial e mão de obra altamente qualificada é possível executar alterações extremas como por exemplo tornar um motor refrigerado a ar como o de nossas bicicletas motorizadas em um motor refrigerado a água como o da imagem abaixo…
Reparem no cabeçote com os niples de entrada e saída de água, o enorme carburador com filtro esportivo e o escape dimensionado… Estas alterações radicais levaram esta bicicleta motorizada a passar dos 110Km/h… Mas acreditem é uma motorizada utilizada apenas em autódromos.
Nesta outra imagem é possível ver o radiador instalado do lado direito do motor…
Estas dicas trarão benefícios em termos de desempenho e também sérios problemas se não forem executadas por pessoas com conhecimento em mecânica de 2 tempos. Se feitas dentro do período de amaciamento ou garantia invalidarão a mesma já que se tratam de alterações no conjunto mecânico.
Lembre-se que maior desempenho refletirá em maior consumo de combustível, constantes regulagens no carburador, maior barulho (no caso da instalação de um escape dimensionado) e significativa redução da vida útil de seu motor.
É importante notar na imagem da motorizada refrigerada a água que a preocupação do proprietário com a segurança também foi grande já que ela está equipada com pneus mais largos, dois freios a disco, garfo e quadro reforçados além de uma coroa menor (maior velocidade final) e tanque de combustível de maior capacidade.
Peso os prós e os contras ANTES de partir para qualquer alteração mecânica profunda em sua bicicleta motorizada e lembre-se que apesar de estar equipada com motor sempre será um motor em uma BICICLETA…
Juízo Ok!
